08/02/2011

O Vento


foto: Paulo Pimenta

O Vento move. Move-se. Move coisas. Move pessoas. Comove.

"O resto não pára de acontecer."


No seguimento do projecto as histórias de amélia e do primeiro espectáculo O MUNDO É UM SÍTIO MUITO CHEIO, primeira experiência de criação num formato especial de espectáculo em que o público é convidado a ser cúmplice e intérprete, O Vento encontrou no Visões Úteis a Casa para se mover. Para se reinventar e ir mais longe enquanto espectáculo e evento, performativo e de participação. Encontrou uma Casa corajosamente aberta a formas diferentes de fazer teatro - na comunidade e com a comunidade, na paisagem e com a paisagem, para o público e com o público.

O Vento é a nova criação do Visões Úteis. Mais do que um espectáculo de teatro, é um evento onde o teatro se faz com o público. O Vento acontece, torna-se visível, porque o público está presente e participa. Trata-se de um formato dinâmico e sempre experimental que resulta num espectáculo que não é só para ver, é também para fazer.

O vento é movimento. Move coisas, move-se nos corpos. Torna-se visível nas coisas e nos corpos. Nas paisagens. O vento é uma força abundante que alimenta e às vezes transborda.
Esta é a ideia que sustém o projecto: o espectáculo precisa da força do público para se mover, para este ser o vento que faz tudo acontecer.

Na oficina criativa que antecede O Vento, o público participante fica a conhecer o espectáculo por dentro e nas diferentes artes que se cruzam em cena, como a luz, o som, o gesto e o movimento, e ensaia uma acção que vai interpretar. Tem ainda o poder dramatúrgico de decidir um entre dois finais possíveis para a história. Assim, fica acesa a ideia de que o teatro é uma arte total complexa e, acima de tudo, um trabalho de equipa. A história só acontece se cada elemento do grupo fizer a sua parte, por mais pequena ou pontual que possa parecer. No final da oficina, o restante público junta-se ao público participante e o espectáculo pode começar.

Cada evento-espectáculo é realmente único e depende verdadeiramente da articulação entre actores e público, ambos intérpretes. O Vento nunca pára de criar e de se reinventar. É transdisciplinar, transformador e transgeracional.

O Vento é para ver, fazer e partilhar.



sobre o processo
...

La Mancha e Afurada
[dois lugares de vento]
Fomos a La Mancha por causa do vento. Porque no imaginário quixotesco o vento é uma força poderosa capaz de mover moinhos, evocar gigantes e modelar o imaginário poético colectivo. Fomos à procura dos lugares deste imaginário e da obra de Cervantes, fascinados com a forma como uma obra, os seus personagens emblemáticos e um lugar conseguem transbordar para além de si.
Estivemos na Afurada por causa do vento. Porque na Afurada, o vento é uma força poderosa que está sempre presente, o vento bom que garante que amanhã há peixe na mesa, e o vento mau que nos leva alguém de quem gostamos. O vento modela as nossas paisagens de todos os dias, não só as físicas mas também as humanas e afectivas.






fotos: Inês de Carvalho

nas escolas
[Afurada de Baixo e Afurada de Cima]
O trabalho que desenvolvemos com estas crianças foi essencial para a criação do espectáculo. Ajudou-nos a pensar na acção do vento sobre as coisas e sobre as pessoas. Reunimos desenhos, sons, fotografias, recortes e composições, e segredos contados ao vento.


ilustrações: Jorge e Mariana, 1º e 2º ano

fazer a manta

Na Junta de Freguesia de S. Pedro da Afurada estivemos com pessoas que nos ajudaram a tecer uma manta, e as suas mãos acabaram por tecer histórias na manta. Estas histórias ficarão guardadas em silêncio, a manta é um arquivo sagrado. Tal como as redes dos pescadores são composições tonais que estendem sob o nosso olhar um tempo cronológico [são cosidas, rematadas, cortadas e retiradas, casadas com novos pedaços] e guardam histórias de muitas pescarias, também a nossa manta conta 5 dias de preenchimento e muitas palavras que se misturam e afundam por entre as fitas. Cada um de nós ouviu uma história ou apanhou um bocado de uma história. Mas, mais do que tentar recontar uma ou outra história que ouvimos, é mais forte a ideia que esses fragmentos naufragaram num mar de fitas e assim fica a memória guardada.
Como um todo tecido. A manta é o chão da nossa história.




fotos: Inês de Carvalho

experiências piloto
Em Dezembro, a meio do processo de criação, levámos o projecto outra vez à Afurada para algumas experiências piloto. Precisávamos de saber se O Vento que estávamos a imaginar podia de facto ser. Experimentámos a oficina e partilhámos o espectáculo até ao ponto em que estava escrito. O Vento espectáculo não acontece sem público e também não se ensaia sem público. Encontrámos na Afurada o público cúmplice e interessado ao qual recorremos em diferentes momentos de criação e ensaio. As crianças e os adultos que participaram nestas experiências ajudaram-nos a reflectir, a questionar, e a completar a nossa história.



fotos: Inês de Carvalho

o espectáculo

O Vento fez a sua temporada de estreia
de 22 a 30 de Janeiro na sala de ensaios do
Teatro de Ferro, em Vila Nova de Gaia,
para público escolar durante a semana
e famílias ao fim-de-semana.




oficina/estreia [22 Jan. 11]
sala de ensaios do Teatro de Ferro



fotos: Hugo Martins

espectáculo/estreia [22 Jan. 11]
sala de ensaios do Teatro de Ferro





fotos: Paulo Pimenta

ficha artística


38ª criação Visões Úteis
um evento-espectáculo
a partir do projecto as histórias de amélia

direcção: Inês de Carvalho
dramaturgia: Alberta Lemos, Ana Vitorino e Carlos Costa
interpretação: Ana Vitorino, Carlos Costa e ainda Alberta Lemos (off)
cenografia e figurinos: Inês de Carvalho
desenho de luz e de imagem: José Carlos Coelho
banda sonora original e sonoplastia: João Martins
projecto fotográfico: Paulo Pimenta
grafismo: entropiadesign a partir de ilustração de Manufactura Independente
coordenação técnica e operação: Luís Ribeiro
produção executiva e direcção de cena: Joana Neto
assistência de produção: Helena Madeira
produção: Visões Úteis

classificação etária: M4
duração: 90 minutos [oficina+espectáculo]


para mais informações contactar:

Visões Úteis

Fábrica Social
Rua da Fábrica Social s/n
4000-201 Porto

[t] +351 222 006 144
[m] +351 931 765 475

mail@visoesuteis.pt
www.visoesuteis.pt



uma criação/produção

a partir do projecto